Monday, May 28, 2007

Direitos Laborais no Império do Meio

http://www.amrc.org.hk/4603.htm

Fica prometida uma tradução para quem tiver interessado.

Thursday, May 17, 2007

Romance

A maneira dela vestir o cabelo mostrava-me que algo de bom não se passara nos últimos tempos, e que ela dessa forma se sentiria mais defesa neste nosso encontro "informal" (se é que pode chamar informal a um reencontro após todos estes anos de separação) que se propiciava.
A cidade estava partida ao meio entre dois tempos. Um tempo em que tinha acordado para a luz do dia, e uma noite à qual se tinha entregue ardentemente, copo após copo.
O Hyatt estava tranquilo e a temperatura estava perfeitamente amena. A camisa colorida de seda que trazia agradecia.

- Olá!
- Então, como andas?
- Vai tudo [olhando para o lado]. Desde a última vez que te vi cresci um bocadinho [ajustando-se na cadeira]. Mas isso não podes reparar, porque não é visível. É uma nova amneira de ser que conquistei. [Sorri]
- É com conquistas que se constrói um império.
- E é com os erros que se aprende.
- Estás com pressa?
[O silêncio]
O silêncio é uma canção mágica que temos de remexer, como o pote em que se esconde a magia do mago.

Uma noite às claras

Quando saíste não fechaste a porta. E esqueceste-te do meu abraço. Do meu braço que te perdia assim para uma noite sem fim.
Tentei dizer-te mil coisas, para que não te fosses embora. Não te compreendo: como podeste partir e deixar-me insignificante.
Resolvi dar uma volta. Ver o Largo do Senado, fumar um cigarro. Perder-te na vista que não te encontrava. Procurei-te longe, onde não estavas, e continuei sem sentido.
Ruas fechadas. A noite cerrada com cada porta de loja morta. As cores fumadas de cigarros.
Onde estavam as cores do meu sonho lindo? O meu estômago colava-se a todas as paredes e nos vidros não via nenhum reflexo.
Quando terminei a Rua do Campo apeteceu-me uma cerveja fresca que comprei numa lojita esquecida para o efeito.
Pensei em ti e tentei escrever um poema que me tranquilizasse, que deixasse no tempo atrás de mim as dúvidas e as preocupações.
Só me vinha à cabeça uma lua branca cheia num céu que olhava em baixo um oceano gigante e triste onde as ondas desoladas embatiam umas nas outras como acórdeões em lágrimas.
Pensei no dia que iria chegar. A leveza que traria consigo e o novo mundo ressucitado duma noite eterna e presente. Ao mesmo tempo senti saudade daquela solidão que já aprendera a esquecer e que partilhava agora com os candeeiros e paredes mal iluminadas dum Macau cinzento e manchado.
Apanhei o táxi de volta para casa.