Março,
Descalço o sapato que vesti no InvernoE espero.
Como se andasse à chuva,
Esperando a viúvaQue me perdeu.
A tua floresta ardeu
Dela só restou Abril, verdejante,
Em mim o funil duma cor nova.Dela só restou Abril, verdejante,
Maio renova
O sonho que em ti acheiE se passar mais um minuto
Antes de virar reiNão sei se o espírito
Não vai pensarQue para ser paz
Não vou passarPor ti, feito um bom rapaz.
Tardia a hora em que te meti
Dentro de mim. Como te vi.Cedo o segundo em que nasço de novo
Cede para a profundidade como uma vertigem,Espera de mim na oficina,
Um soluço que tarda em sair.Espera, espera por mim, alvorada, não deixes que o Sol não seja nada, sem se deixar, ser penteado pela chuva, achado pela trovoada, destruído pelo Mar, bravo, que em mim recupera o teu fôlego. Não sei se aguento mais este frio de ar-condicionado que te leva cada vez para mais longe de mim. Perde em mim de novo todo o sentido e deixa de ser o que não queres ser, duma vez por todas, hoje e para sempre. Amén.
Para o próximo Outono que ainda é o ovo
Num Verão equidistante.Perdido entre nós e o Sol no Céu,
Eu, tu e a varanda,espalhando a trovoada
Cantando a alvoradaDuma nova demanda.
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