Wednesday, April 23, 2008

Estações

Março,
Descalço o sapato que vesti no Inverno
E espero.


Como se andasse à chuva,
Esperando a viúva
Que me perdeu.


A tua floresta ardeu
Dela só restou Abril, verdejante,
Em mim o funil duma cor nova.

Maio renova
O sonho que em ti achei
E se passar mais um minuto
Antes de virar rei
Não sei se o espírito
Não vai pensar
Que para ser paz
Não vou passar
Por ti, feito um bom rapaz.


Tardia a hora em que te meti
Dentro de mim. Como te vi.
Cedo o segundo em que nasço de novo
Cede para a profundidade como uma vertigem,
Espera de mim na oficina,
Um soluço que tarda em sair.

Espera, espera por mim, alvorada, não deixes que o Sol não seja nada, sem se deixar, ser penteado pela chuva, achado pela trovoada, destruído pelo Mar, bravo, que em mim recupera o teu fôlego. Não sei se aguento mais este frio de ar-condicionado que te leva cada vez para mais longe de mim. Perde em mim de novo todo o sentido e deixa de ser o que não queres ser, duma vez por todas, hoje e para sempre. Amén.

Para o próximo Outono que ainda é o ovo
Num Verão equidistante.
Perdido entre nós e o Sol no Céu,
Eu, tu e a varanda,
espalhando a trovoada
Cantando a alvorada
Duma nova demanda.

A busca do mundo sem fim.

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